ribeira de seiça

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Excertos da Introdução dos Documentos Medievais do Mosteiro de Santa Maria de Seiça




Interior sem cúpula


Excertos da introdução aos “Documentos Medievais do Convento de Seiça”
Casa de Sarmento
Centro de Estudos Patrimoniais

Um pouco da história do Mosteiro de Seiça e da capela de Santa Maria de Seiça.

Os Documentos Medievais do Convento de Seiça, são documentos certificados por Frei Joaquim de Santa Rosa de Viterbo que foi o diplomata e paleógrafo escolhido para a reforma do cartório Monástico do Mosteiro em 1790.

“O Convento de Seiça, situado pouco a sul do Mondego, não longe da linha de costa, junto à Ribeira de Seiça, teve a sua origem na pequena ermida em que segundo uma inquirição de testemunhas, do final do século XII, que depuseram num dos muitos pleitos suscitados entre o Cabido da Sé de Coimbra e Santa Cruz, um monge estabelecer a residência, no referido século, em ano todavia, indeterminado.

Era a consequência da reconquista cristã que lentamente ia avançando para alem do Mondego, recuperando terras e fixando núcleos de população.

A ermidinha de Seiça em breve prosperou e se tornou centro de vasto couto que D. Afonso Henriques privilegiou mais de uma vez e que Pontífices protegeram.

Consideram-se desaparecidos há muito os diplomas afonsinos anteriores à Carta de Couto (nota:a propriedade eclesiástica estava por regra, enquadrada no estatuto de Couto e por isso mesmo, era isenta e imune aos direitos jurisdicionais e fiscais gerais. Pertencia ao senhor eclesiástico cobrar as rendas e exercer a justiça no caso de senhorios completos, ou de apenas receber o que lhe era devido pelo domínio territorial no caso de senhorios condicionados) de 1175; a Historia Manleanense, códice de 1715, já se refere apenas a esta carta; o prefácio dum índice do cartório com data de 1790, também declara não existir diploma anterior, mas conclui dum inventario de 1539 que D. Afonso Henriques já em 1162 fazia doações ao mosteiro.

Abiah Elisabeth Reuter publica nos seus Documentos da chancelaria de Afonso Henriques a carta de couto ao abade D. Paio Viegas e ao mosteiro, de Março de 1175, cujo original encontrou no Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

Tem-se dito, também, que os seus primeiros habitadores seriam monges beneditinos, mas já no reinado de D. Sancho I o convento era de cistercenses.

Na Crónica de Cister, no Santuário Mariano, no Agiologio Lusitano, na Historia Manleanennse, (códice do arquivo municipal de Montemor-o-Velho) e noutras crónicas monásticas, anda a historia (e também o romance…) da fundação de Seiça por D. Afonso Henriques, bem como os milagrosos sucessos ocorridos com o celebrado Abade João alguns séculos antes, fonte de numerosa bibliografia, ainda hoje memorados no revestimento pictural da capela octogonal de Seiça, reconstruída em 1602, e não suficientemente explicados ( a lenda de Montemor e a lenda da construção do Mosteiro estão pintados nos lados laterais da capela).


Cartório Real Mosteiro de Santa Maria 1790

É certo, e incontestável que o documento mais antigo que neste Cartório se conserva é a Doação do Couto da Villa de Santa Maria, a Velha onde está fundado o Mosteiro, feita por D. Afonso Henriques ao abade Dom Pelágio Egas, e aos Seus Frades no ano de Cristo de 1175: o que sem dúvida indica haver aqui Mosteiro, cujo principio inteiramente se ignora. Sabe-se contudo que o Sr. Rei D. Afonso Henriques tinha feito outra doação a este Mosteiro no ano de 1162.

Assim no ano de 1162 a 1172 e 1173 já aqui havia Mosteiro com Monges e Abade e este poderia ser o D. Martinho…mas de nenhuma sorte se conclui que o Mosteiro não fosse já naquele tempo muito antigo.

A capela de Santa Maria de Seiça e o Mosteiro

A capela que o Abade João mandou erguer nas matas de Seiça já meia arruinada e foi por isso restaurada no tempo de D. Afonso Henriques ou de D. Sancho I e de novo posta de pé, no ano de 1602. Na capela octogonal em cada um dos seus lados estão pintadas as lendas sobre o Mosteiro (a fundação do Mosteiro que D. Afonso Henriques mandou erguer um pouco a sul do actual e do qual já nada resta) e Montemor-o-Velho.“

O actual Mosteiro é uma construção típica do sec.XVII.

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